Texto publicado originalmente no blog "Juntos em oração", em 2015
Faz já algum tempo que gostaria de agradecer aqueles que foram importantes para a minha conversão. E uma boa ocasião para isso chegou: ontem, dia 3 de agosto de 2015, completaram-se 20 anos em que abracei a fé católica com convicção. Era a festa de são Joaquim e Sant'Ana, na Capela de mesmo nome, na Grota, Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. O grupo ISMAEL (da Renovação Carismática Católica) estava em festa (se não me engano de 5 anos) e durante toda a semana ele aconteceria (normalmente era só aos sábados).
Algumas outras vezes eu já tinha visitado o grupo, mais por insistência da minha cunhada que por vontade, mas no dia 3 de agosto de 1995 foi diferente. O pregador falava de são Pedro, e de como ele era um homem difícil, mas que Deus o queria. Ao final da pregação eu me ajoelhei e fui o mais sincero possível com o Senhor: "não acredito que o Senhor exista, mas, se sim, olhe para mim, me prove". Eu tinha o interesse de crer, mas não conseguia.
A restauração na minha casa foi espantosa. Eu, que nem sequer falava com meu irmão Denilton, nem com meu pai e nem com minha mãe, fui vendo a ação de Deus restabelecendo pouco a pouco o amor pela minha família. É espantoso olhar para trás e reconhecer isso. Amo demais minha mãe, meus irmãos e meu pai (já falecido), mas naquela época talvez só em relação a meu irmão mais velho (Wilton) eu poderia dizer isso. A vida familiar me era um inferno. A frieza com minha mãe era o que mais me incomodava. Eu sabia que isso não estava certo: "como posso estar participando na Igreja e não amar minha mãe?". O Senhor mudou isso. Eu não sabia ao certo o porquê, mas meu pai me irritava. Talvez porque ele não sabia expressar seu amor pelos filhos (minha mãe reconhece essa dificuldade nela até hoje por conta de sua criação), e só quando estava bêbado dizia que amava. Não sei, mas o que eu sei é que Deus restaurou meu amor pelo meu pai (e restaurou meu próprio pai, que depois parou de beber e até frequentava o grupo SHALOM, em Brás de Pina, na Santa Cecília). E em relação a meu irmão do meio, Denilton, eu mesmo dizia para Deus que não tinha como voltar a ter algum relacionamento com ele. O Senhor restaurou isso também, É como se eu estivesse mentindo escrevendo estas linhas, de tão estranho que isso me soa hoje, pois amo demais meu irmão, minha mãe e pai. Louvado seja Deus por ter aceito meu desafio.
Isso não aconteceu de um dia para o outro. E a caminhada na Capela São Joaquim e Sant'Ana foi fundamental. Deus quis também me mostrar seu amor através do acolhimento da comunidade. Acho que foi a primeira vez em minha vida que me senti amado. O pregador daquela noite do dia 3 de agosto de 1995 foi o Wilton, e lhe sou eternamente grato, não só por aquela pregação (e outras mais depois), mas pelo seu caráter,seu testemunho de vida, sua amizade. Sua esposa Léa, minha cunhada, lhe sou grato demais por sua insistência comigo, por não desistir de mim. Léa era a coordenadora da Catequese, e sou grato a Deus também por ter feito parte daquele grupo de catequistas, junto ao Anderson, Valdete, Simone, Claudete, Sonia Carla, Carmem Patrícia, Célia, entre outros. Lógico que éramos inexperientes, não tínhamos um conhecimento sólido da doutrina católica, tínhamos aqueles exageros e más influências protestantes típicos da RCC, etc, etc, blá, blá, blá, mas aquele grupo se amava. Quando partilhávamos e chorávamos juntos, quando nos abríamos um ao outro e aumentava o respeito, carinho e amizade por cada um. Éramos uma família. Agradeço a todos! O grupo de pregadores eu via (na época) como se fossem os apóstolos! Não é exagero de minha parte, EU OS VIA dessa forma. Só depois fui entendendo que eram pecadores como eu: Wallace, Erivaldo, Cristina, Beto, Pedro (o Lobão), Paulinho, Sandrinha (além do Wilton e José)...
Lembro de certa vez que estava um grupo de amigos conversando sobre
a Palavra de Deus e falava-se de Atos dos Apóstolos, de Cornélio.
Brinquei dizendo (por causa do nome) que "este tinha vocação para ser
corno" e ri...sozinho. Todos ficaram sérios, e o Ivanildo me repreendeu,
dizendo: "que isso, cara? Você está falando da Palavra de Deus!".
Bendita repreensão. Louvado seja Deus pelo Ivanildo! Quantas vezes
fiquei interrogando o José sobre coisas da Bíblia e da Igreja, e este
com santa paciência me acolheu (o Wilton também).
Ainda bem no início de minha caminhada participei de uma formação
no grupo de oração RAINHA DO CÉU, da Nossa Senhora da Conceição, de
Parada de Lucas. Quem aplicava a formação era o grupo de pregadores do
grupo ISMAEL. Também sou grato pelo Rodolfo, Otacílio, Katia, Edmílson,
etc, o pessoal de Lucas. A seriedade de todos na busca pelo Senhor me
inspirava. Lamento profundamente por aqueles que, ao longo do tempo, se
afastaram, seja por qual motivo (tanto no Ismael como no Rainha do Céu).
Deus leve em conta todo o bem que me fizeram, seja com pregações, com amizades, com paciência, com acolhimento.
No completar desta data, 20 anos depois, me emociono em relembrar
de cada amigo, de cada momento. Sei que é injusto citar alguns nomes e
esquecer outros, mas espero que entendam que todos tiveram sua
importância, inclusive as crianças! Crianças que hoje estão adultas!
Um ano depois estava fazendo a Crisma, já na Nossa Senhora da
Glória, em Cordovil (1996). Em 1997 fiz minha primeira pregação no grupo
ISMAEL. Só em 2005 (dez anos depois!) vim a descobrir o tesouro que é a
santa Missa. Não que eu não fosse à Missa. Ia todo domingo, mas não
sabia exatamente o que era nem lhe dava o devido valor. Esse é tema para
um outro texto. A Tradição da Igreja me fez ser ainda mais apaixonado
por Cristo, pela Igreja e pela Missa. Lógico que aconteceram outros momentos maravilhosos nestes 20 anos de caminhada, mas gostaria de reconhecer onde tudo começou.
Certa vez eu estava cerca de um mês sem aparecer no grupo Ismael e,
ao voltar lá, levei o Damião e o Luís (Fubá) para visitar. A acolhida
foi tão incrível que depois o Luís comentou: "cara, eu sou muito querido
em vários lugares onde me conhecem mas você na grota eu nunca vi algo
assim!" (ou algo parecido, estou citando de cabeça). Aquilo não podia
mesmo ser natural. Hoje vejo que era o Senhor ainda se mostrando a mim,
dizendo naquela acolhida que era ELE quem me dava "o trigo, o vinho e o óleo, e quem prodigalizava a prata e o ouro"
(cf. Os 1,10). Já não sou mais um menino e o Senhor, com o tempo, foi
me dando o alimento sólido. Quem poderá saber onde ainda irá querer me
levar? Vem, Senhor Jesus!
Deus recompense a cada um destes queridos irmãos e irmãs, que dê
novo ardor aos que estão enfraquecidos, que traga de volta os que estão
afastados, que confirme os que estão ainda de pé! Louvado seja Deus por
sua misericórdia, por ter aceitado o desafio deste verme que escreve, e
que não merecia (e nem mereço) ter sequer a atenção de Deus, Além de
todos os já citados, Deus abençoe dona Maria Gonçala, Cibéli, Valter
(Tin), Joel, Elisângela,Juarez (meu padrinho de Crisma), Geneide, todos
os da Oásis (em especial a dona Regina, o que dizer desta mãe que me
acolheu?), seu Francisco, dona Carmelita, a Rosângela, Rosilaine,
perdoem-me por não citar todos (não tem como). Refresquem minha memória
nos comentários!
Todos eles foram canais de Deus para que minha vida tivesse
sentido. Nada se compara ao Senhor! Nem meu casamento, nem o nascimento
de minha filha Maria Teresa, nem as amizades mais fortes e queridas. Em
outros textos poderei agradecer também outros canais da Graça que foram
importantíssimos para mim. Por hoje fico por aqui.
Pax Domini
Wilson Junior
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