Algo me chamou muito a atenção quando estudei Sociologia: uma pesquisa sobre relações raciais no Brasil patrocinada pela UNESCO nos anos 50 ou 60 (não me recordo bem e, como estou em processo de mudança de endereço, será praticamente impossível encontrar esse livro no momento). A UNESCO (segundo meu livro querido de Sociologia) pensava que o Brasil era o paraíso das relações humanas e queria essa pesquisa para entender como o brasileiro conseguia ser tão sem preconceitos. Porém, o que a pesquisa descobriu foi que o brasileiro era sim preconceituoso e, de lá pra cá, não é que a coisa só tem piorado? Mas se a UNESCO, nessa pesquisa, já nos anos 50 ou 60, constatou isso e, de lá pra cá tem se tomado medidas para combater o racismo, por que este não diminuiu, mas, pelo contrário, às vezes parece que está aumentando?
Então minhas teses conspiratórias floriram...e se a UNESCO (junto a outros órgãos), ao invés de combater, tiver (ao contrário) fomentado esse racismo? Isso explicaria porque ele aumenta, mesmo com todo "combate". Mas de onde eu tirei essa tese maluca? Não é tão maluca a tese, desde que peguemos declarações como a do chefe do setor de Sociologia da Bielorússia, discursando na sede da UNESCO, em 1989, onde ele disse: "Um dos paradoxos da sociedade moderna é o de que ela não tem necessidade de um grande número de pessoas instruídas. A seleção se opera por meio do que se chama 'Elite social', que realiza o trabalho intelectual necessário. Aos demais compete ou a execução das decisões ou o exercício de cargos subalternos" (Dr. Povalyaev, 1989, "Maquiavel Pedagogo", Pascal Bernardin). Você que leu, entendeu o que esse senhor teve a cara de pau de declarar abertamente? Ele simplesmente está dizendo que cabe a você OBEDECER ao que a 'Elite social' já decidiu. Tudo bem, Wilson, mas daí a afirmar que a ONU, UNESCO e outros órgãos estão a fomentar o racismo no mundo ao invés de combatê-lo, não seria paranóico? Por que fariam isso? Talvez o tal Dr. Povalyaev tenha se expressado muito mal apenas!
Vamos a um documento (e não um discurso) da UNESCO, de 1964 (Olha! Mais ou menos da mesma época da tal pesquisa que eles patrocinaram aqui no Brasil! Coincidências acontecem, não é mesmo?) chamado "A modificação das atitudes" (!!!). Nesse documento se diz que "os objetivos visados só serão atingidos quando a nova série de valores aparecer ao indivíduo como algo que ele tenha escolhido livremente". Junte a isso que Pascal Bernardin, no livro "Maquiavel pedagogo", denuncia que esses órgãos se utilizam de "técnicas de manipulação psicológica e lavagem cerebral" para que cheguemos a esses novos valores. Vale a pena ler o livro inteiro para se ter uma ideia de quão preocupada conosco está a ONU, UNESCO e afins.
Voltemos ao Brasil e ao racismo para concluir esse texto. Era mais do que lógico que, após o período de escravidão, os negros do Brasil precisassem de um tempo para se adaptarem à liberdade, terem problemas com baixa estima (se acharem menos capazes que o branco) e ainda a natural desconfiança de uma boa parte da sociedade. Apesar de levar um tempo, essas barreiras seriam vencidas naturalmente pelos méritos dos negros de valor, e com a sociedade estimulando a nós todos como uma única raça: a humana. Porém, o que aconteceu foi um incentivo ao ódio entre raças, como se a cor da pele fosse um valor em si mesma! "Tenho orgulho de ser negro" é uma frase que não diz nada. Deveríamos ter orgulho de sermos honestos, determinados, trabalhadores, solidários...nada disso vem pela cor da pele, mas pelo caráter. Vários negros de destacaram na sociedade brasileira desde que a liberdade raiou. Machado de Assis talvez seja o maior exemplo disso (mas longe de ser o único). Porém, nas últimas décadas, o que tem acontecido não pode ser explicado logicamente a não ser que se acredite justamente na minha "tese conspiratória": a de que é muito mais interessante à "Elite social" global que fiquemos combatendo uns aos outros, seja por quais motivos forem, do que aprendermos juntos o que seria o melhor para todos. O que os documentos analisados por Pascal Bernardin dizem é que já decidiram por nós e que usam (desde há muito tempo) técnicas de manipulação psicológica para que aceitemos o que já decidiram por nós. Para isso negligenciam o ensino cognoscível e privilegiam o social para nós...mas não entre eles, afinal, a eles cabem o "trabalho intelectual necessário"; a nós cabe "a execução das decisões ou o exercício de cargos subalternos".
Ok, Wilson...e no caso absurdo de você ter uma certa razão. O que fazer? Não tenho as respostas prontas. No meu caso, tenho orado e me informado. Existem coisas que, humanamente falando, penso que não tenham mais solução. Somente uma intervenção divina pode freiar o ímpeto da Elite global que nos manipula, e esta acontecerá...mas ainda sofreremos um bocado antes...