terça-feira, 20 de novembro de 2018

A ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO




*por Wilson Junior

          “Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel (9,27) – o leitor entenda bem* -, então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas. Aquele que está no terraço da casa não desça para tomar o que está em sua casa. E aquele que está no campo não volte para buscar suas vestimentas. Ai das mulheres que estiveram grávidas ou amamentando naqueles dias! Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado; porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será. Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.”

          Estas palavras que estão descritas em Mateus 24, 15-22, ditas pelo próprio Jesus, são de tirar o fôlego em relação ao final dos tempos. A “abominação da desolação”, segundo a nota da Bílblia da editora Ave-Maria, diz o seguinte: “esta expressão deve designar os estandartes romanos que os exércitos de Tito implantaram no Templo de Jerusalém. Os versículos 15-21 dizem respeito às circunstâncias que acompanharam a ruína de Jerusalém”. Ou seja, por essa nota, Jesus estaria citando algo que já acontecera, mas que se repetiria de maneira bem mais intensa. Na Bíblia de Jerusalém, a nota explicativa diz que “ao que parece, Daniel designava com essa expressão um altar pagão que Antíoco Epífanes ergueu no Templo de Jerusalém em 168 a.C. (cf. 1Mc 1,54). A aplicação evangélica realizou-se quando a Cidade santa e o seu Templo foram atacados e depois ocupados pelos exércitos gentílicos de Roma (cf. Lc 21,20)”.

          Vamos às outras palavras citadas, primeiro em Macabeus: “No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e cinco, edificaram a abominaçao da desolação por sobre o altar e construíram altares em todas as cidades circunvizinhas de Judá” (1 Mac 1,54). Neste trecho a nota da Bíblia da Ave-Maria diz o seguinte: “A abominação da desolação: expressão tirada de Daniel 12,11. Tratava-se de um pequeno altar construído por sobre o altar dos holocaustos e destinado ao culto idólatra”. Neste trecho a nota da Bíblia de Jerusalém é bem mais específica: “A abominação da desolação (Dn 9,27 e 11,31), era o altar de Baal-Shamem ou Zeus Olímpico, erigido sobre o grande altar dos holocaustos”. Em Daniel 12,11 (citado pela nota da Bíblia da Ave-Maria) diz assim: “Desde o tempo em que for suprimido o holocausto perpétuo e quando for estabelecida a abominação do devastador, transcorrerão mil duzentos e noventa dias”, onde a nota vai dizer: “É difícil decidir se essas indicações têm realmente duplo alcance: um, referente aos tempos macabeus; outro, simbólico, referente ao ‘fim dos tempos’”. Com todo o respeito à interpretação da nota, não parece tão difícil ver que há um “duplo alcance” sim, ou mais, um triplo alcance. Primeiro em relação aos tempos macabeus, segundo em relação à ruína de Jerusalém e outra relativa ao final dos tempos. Jesus, em Mt 24, fala de uma tribulação tão grande como nunca foi vista desde o começo do mundo e jamais será. A destruição que os romanos impuseram à Jerusalém no ano 70 d.C. foi grande, mas longe de ser a pior de todos os tempos. Ou Jesus se enganou? Obviamente que não!

          Outra palavra citada foi Lucas 21,20: “Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína”. É a mesma palavra de Mateus, mas não fala em “abominação da desolação”. Esta expressão, já citada em Daniel e Macabeus, seria bem compreendida pelos leitores de são Mateus, que escreveu para judeus convertidos, mas não seria bem entendida pelos leitores de são Lucas, que escreveu para pagãos convertidos.

          Faltaria a mim compreender melhor o contexto da passagem em Macabeus e Daniel, além de buscar historicamente como foi a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Só depois disso e de procurar no Magistério dos Papas o que pode ser para nós essa expressão “Abominação da desolação” (embora eu acho que não há nada específico sobre isso no Magistério) é que poderia ser feita uma tentativa de interpretação. Tenho impressão que ir fundo nesse tema não trará coisas muito agradáveis, e que poderão amedrontar aqueles que não querem sair da acomodação, da sua zona de conforto. Quem tem medo da Verdade? Eu creio que a Verdade é Jesus Cristo! Ele, meu Senhor, dê-me o tempo, humildade e a disposição necessária para prosseguir nesse estudo! 

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