*por Wilson Junior
“Quando virdes
estabelecida no lugar santo a abominação da desolação
que foi predita pelo profeta Daniel (9,27) – o leitor entenda bem*
-, então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas. Aquele
que está no terraço da casa não desça para tomar o que está em
sua casa. E aquele que está no campo não volte para buscar suas
vestimentas. Ai das mulheres que estiveram grávidas ou amamentando
naqueles dias! Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em
dia de sábado; porque então a tribulação será tão grande
como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem
jamais será. Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura
alguma escaparia; mas por causa dos escolhidos, aqueles dias serão
abreviados.”
Estas palavras que
estão descritas em Mateus 24, 15-22, ditas pelo próprio Jesus, são
de tirar o fôlego em relação ao final dos tempos. A “abominação
da desolação”, segundo a nota da Bílblia da editora Ave-Maria,
diz o seguinte: “esta expressão deve designar os estandartes
romanos que os exércitos de Tito implantaram no Templo de Jerusalém.
Os versículos 15-21 dizem respeito às circunstâncias que
acompanharam a ruína de Jerusalém”. Ou seja, por essa nota, Jesus
estaria citando algo que já acontecera, mas que se repetiria de
maneira bem mais intensa. Na Bíblia de Jerusalém, a nota
explicativa diz que “ao que parece, Daniel designava com essa
expressão um altar pagão que Antíoco Epífanes ergueu no Templo
de Jerusalém em 168 a.C. (cf. 1Mc 1,54). A aplicação
evangélica realizou-se quando a Cidade santa e o seu Templo foram
atacados e depois ocupados pelos exércitos gentílicos de Roma (cf.
Lc 21,20)”.
Vamos às outras
palavras citadas, primeiro em Macabeus: “No dia quinze do mês de
Casleu, do ano cento e quarenta e cinco, edificaram a abominaçao
da desolação por sobre o altar e construíram altares em todas
as cidades circunvizinhas de Judá” (1 Mac 1,54). Neste trecho a
nota da Bíblia da Ave-Maria diz o seguinte: “A abominação da
desolação: expressão tirada de Daniel 12,11. Tratava-se de um
pequeno altar construído por sobre o altar dos holocaustos e
destinado ao culto idólatra”. Neste trecho a nota da Bíblia
de Jerusalém é bem mais específica: “A abominação da desolação
(Dn 9,27 e 11,31), era o altar de Baal-Shamem ou Zeus Olímpico,
erigido sobre o grande altar dos holocaustos”. Em Daniel 12,11
(citado pela nota da Bíblia da Ave-Maria) diz assim: “Desde o
tempo em que for suprimido o holocausto perpétuo e quando for
estabelecida a abominação do devastador, transcorrerão mil
duzentos e noventa dias”, onde a nota vai dizer: “É difícil
decidir se essas indicações têm realmente duplo alcance: um,
referente aos tempos macabeus; outro, simbólico, referente ao ‘fim
dos tempos’”. Com todo o respeito à interpretação da nota, não
parece tão difícil ver que há um “duplo alcance” sim, ou mais,
um triplo alcance. Primeiro em relação aos tempos macabeus, segundo
em relação à ruína de Jerusalém e outra relativa ao final dos
tempos. Jesus, em Mt 24, fala de uma tribulação tão grande como
nunca foi vista desde o começo do mundo e jamais será. A
destruição que os romanos impuseram à Jerusalém no ano 70 d.C.
foi grande, mas longe de ser a pior de todos os tempos. Ou Jesus se
enganou? Obviamente que não!
Outra palavra
citada foi Lucas 21,20: “Quando virdes que Jerusalém foi sitiada
por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína”. É
a mesma palavra de Mateus, mas não fala em “abominação da
desolação”. Esta expressão, já citada em Daniel e Macabeus,
seria bem compreendida pelos leitores de são Mateus, que escreveu
para judeus convertidos, mas não seria bem entendida pelos leitores
de são Lucas, que escreveu para pagãos convertidos.
Faltaria a mim
compreender melhor o contexto da passagem em Macabeus e Daniel, além
de buscar historicamente como foi a destruição de Jerusalém no ano
70 d.C. Só depois disso e de procurar no Magistério dos Papas o que
pode ser para nós essa expressão “Abominação da desolação”
(embora eu acho que não há nada específico sobre isso no
Magistério) é que poderia ser feita uma tentativa de interpretação.
Tenho impressão que ir fundo nesse tema não trará coisas muito
agradáveis, e que poderão amedrontar aqueles que não querem sair
da acomodação, da sua zona de conforto. Quem tem medo da Verdade?
Eu creio que a Verdade é Jesus Cristo! Ele, meu Senhor, dê-me o
tempo, humildade e a disposição necessária para prosseguir nesse estudo!
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