Primeiramente quero
dizer que é o amor à Verdade e a preocupação com a perdição
eterna que me leva a escrever sobre o tema (e não o desejo de condenar ninguém). Nesses meus 43 anos de
vida trabalhei (e até servi na Igreja) com muitos homossexuais e
tive amizade com muitos. Peço-lhes a benevolência de tentar
entender o texto. Não posso obrigar ninguém a concordar, mas quero
deixar clara minha posição. Deus nos ajude!
Vamos entrar em
tema polêmico onde o famoso padre Marcelo Rossi, no seu livro
“Phillia”, se atrapalhou (talvez pensando que
ninguém iria conferir). Ele preferiu ‘recortar’ uma parte da
Bíblia a citar os homossexuais na passagem em questão. Na página
86, ele diz assim:
“Acaso não
sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus?” (1Cor
6,9). Em seguida, enumera quem são os injustos: “nem os ladrões,
nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os
assaltantes hão de possuir o Reino de Deus” (1Cor 6,10)”.
Em negrito o texto
do livro. Quando li pela primeira vez, parecia que estava faltando
algo nesse texto. A sequencia que o padre apresenta parece ser uma
continuação, citando um versículo e em seguida o outro, mas quando
se vai na Bíblia, vemos o recorte que foi feito. A passagem em
questão, Primeira Carta aos Coríntios 6,9-10, diz assim:
“Acaso não
sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não
vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros,
nem os efeminados, nem os
devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados,
nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de
Deus”.
Padre Marcelo Rossi
dá uma recortada escandalosa na Palavra de Deus para não desagradar
alguns. Se quisesse, ao menos, ser mais justo, quando cita o primeiro
versículo, ao invés de dar a referência como deu (1Cor 6,9),
deveria ter colocado como deveria (1Cor 6,9a) Esse “a” depois do
versículo faria toda a diferença, mas ele preferiu omitir
vergonhosamente.
Minha intenção
nesse texto não é “falar mal” do padre Marcelo Rossi, mas
apenas mostrar que para falar desse tema (homossexualismo) é preciso
ter coragem de ser criticado, mal compreendido, saber que não vai
agradar a muitos. Tem que ser como o santo padre Pio de
Pietrelcina dizia: “Aos homens fazer o bem; agradar somente a
Deus”.
Numa postagem de
facebook, vi alguém (católico) dizendo que “homossexualismo é
normal”. Depende do que se entende pela palavra “normal”.
Eu poderia dizer que ser assaltado no Rio de Janeiro é
(infelizmente) normal. Esse “normal” não significa bom, nem
agradável, nem saudável, nem aceitável, nem de acordo com a
vontade de Deus. “Normais” nesse caso seriam comportamentos
que acontecem bastante, que não são raros. Nesse sentido o
homossexualismo tornou-se sim bem normal nos dias de hoje.
A pergunta então é
a seguinte: poderia o catolicismo mudar seu posicionamento em
relação à prática homossexual como aceitável ou até mesmo
desejável? Em tempos onde o Papa atual parece ter uma
abertura maior nesse sentido (verdade ou não, essa ficou a impressão
nas pessoas em geral, ou o que a mídia quer que pensem), seria
possível essa mudança? Francisco já até mesmo canonizou um
homem com suspeitas razoáveis de ter sido homossexual (e o
tornou beato num sínodo das famílias que tratava sobre
homossexualismo...coincidência?). Essa canonização poderia, ao
invés de ser escandalosa, tratada como se o “santo” fosse um
precursor, um visionário! O primeiro homossexual santo! Queira
Deus que as denúncias sejam todas falsas...mas foram ignoradas
completamente no processo desse “santo” (em outro texto voltarei
a tratar desse assunto).
É preciso primeiro
entender que a Igreja não tem preconceito com os
homossexuais, ela tem é um conceito sobre
o homossexualismo. A Igreja tem a missão de levar a Salvação
em Jesus Cristo a todos os homens, entre outros motivos, para que
eles não sejam levados ao inferno por toda a eternidade. Não é que
a Igreja queira se meter na vida dos homossexuais, mas se ela crê
que o modo de vida que a pessoa está levando a afasta de Deus e a
levará para um castigo eterno, não seria mais do que natural que
ela, por caridade, alertasse sobre isso? Isso não vale somente
para os homossexuais, mas para todos os que ela (a Igreja) acredita
estarem fora do caminho que Jesus nos deixou. De uma certa maneira,
todos fazem isso com aqueles que amam. Se um amigo ou parente seu
está, por exemplo, no mundo das drogas, tentar aconselhá-lo a sair
dessa não é se meter na vida dele, mas tentar ajudá-lo a sair de
um caminho que só o levará à própria destruição. Vejam, por
exemplo, o que santa Faustina, em seu famoso diário, diz: “Hoje
soube que uma pessoa da minha família está ofendendo a Deus e
que se encontra em grande perigo de morte. Esse conhecimento
transpassou a minha alma com tão grande sofrimento que eu pensei que
não sobreviveria a essa ofensa a Deus. Pedi muito perdão a Deus,
mas eu via a Sua grande ira” (Diário de santa Faustina 987). Santa
Teresa d’Ávila tem também a mesma preocupação com aqueles que
se encontram fora dos caminhos de Deus e com o risco de se perder
para sempre. No seu “Caminho de perfeição” (capítulo
7), falando de interceder por alguém, ela ensina: “É coisa
estranha o amor veemente de uma alma santa! Quantas lágrimas custa!
Quantas penitências! Que cuidado de encomendar o amigo às orações
de quantos parecem ter valimento junto de Deus! Que desejo contínuo
de vê-lo progredir, e que mágoa inconsolável quando assim não
acontece! Se, julgando-o melhorado, o vê regredir um pouco, parece
que nada mais tem graça na vida: não come, nem dorme, é só aquele
cuidado. Sempre o temor de que se perca alma tão querida, e se
apartem eternamente”. Não é desejo de condenar, muito
pelo contrário, é zelo para salvar!
A Igreja crê
verdadeiramente que a humanidade esqueceu-se de Deus e está a
caminho da própria ruína e por isso não se cansa de anunciar o
caminho de Jesus, o caminho da Cruz, da porta estreita, para que os
homens se arrependam de seus pecados, se convertam e voltem-se ao
caminho da Salvação. Esse desejo da Igreja pela conversão dos
pecadores é Amor!
Um segundo problema
que precisamos entender é que, na Igreja da América Latina
(principalmente), desde os anos 70 do século XX, um movimento
teológico chamado “Teologia da Libertação” fez um grande
estrago (e ainda hoje tem suas influências por aqui no Brasil).
Teólogos como o peruano Gustavo Gutiérrez e o brasileiro Leonardo
Boff colocaram o marxismo na teologia. E porque fizeram isso? Porque
entre eles defendeu-se a ideia (entre outras, claro) de que o
inferno não existiria ou estaria vazio, pois a misericórdia de Deus
salvaria a todos, indiscriminadamente. Aí é uma conclusão
lógica: se todos já estão salvos, pra que se preocupar com o
Céu? A preocupação, então, passa a ser com o aqui na Terra, o
que passa a valer é: “o importante é ser feliz”. E ser
feliz é ter uma vida social próspera, financeiramente feliz,
sexualmente feliz, se já estamos todos salvos, posso fazer o que eu
quiser, da minha maneira, sem me sujeitar a ninguém. O problema
do “pecado”, então, não é mais que ele pode lhe levar a
afastar-se de Deus eternamente, mas somente que ele pode te deixar
infeliz na vida. E todos devem ser felizes, não é mesmo? Até o
padre Marcelo Rossi (já estou eu falando dele novamente) escreveu
isso no “Phillia” também: “O Senhor quer nos ver felizes. Essa
é a sua vontade”. Não que isso não seja verdade, mas necessita
uma explicação melhor. Santa Bernadette Soubirous, a francesa que
no século XIX teve a visão de Nossa Senhora de Lourdes, teve que
ouvir numa das aparições: “não posso lhe prometer felicidade
nessa vida”. Que decepção se um teólogo da libertação
ouvisse isso! Para essa corrente teológica, é natural que mais cedo
ou mais tarde se aceitasse o homossexualismo, afinal de contas, como
já foi dito, o que importa é ser feliz (em outro texto tratarei
também da existência do inferno). Logicamente que todo demérito
não pertence só à Teologia da Libertação; é muito mais
profundo, vindo lá do Renascimento, quando foi-se mudando do
Teocentrismo (Deus no centro) para o Antropocentrismo (o Homem no
centro), mas não dá pra tratar disso agora. Fica mais uma promessa
para um outro texto.
Um terceiro
problema é que o ensinamento moral da Igreja Católica não é
seguido por seus membros, então como poderiam cobrar de outros?
Qual é o pregador católico que ensina a moral católica como
deveria? Como disse o padre Paulo Ricardo certa vez, a proliferação
do homossexualismo na Igreja é culpa do...heterossexual da Igreja!
Quando o católico acredita que pode usar camisinha, ou
anticoncepcional, ou que pode transar com a sua namorada (o) sem
estar casado, ou que pode morar junto sem casar (no religioso,
entenda-se...pois o casamento civil não passa de um contrato), que
pode adulterar, que não há nada demais na pornografia, masturbação,
em sexo anal ou oral, etc, ele está ensinando com a sua vida que
seu desejo sexual (isso como hétero) está acima do ensinamento da
Igreja. Como pode querer cobrar do homossexual que não viva também
da mesma forma, colocando seu desejo sexual em primeiro lugar também?
Chegamos ao “X”
da questão. Qual o grande problema em ser homossexual para a moral
católica? Antes de falar porque não é aceitável moralmente,
preciso dizer que não é uma prática saudável o sexo anal. Mesmo
que eu não soubesse nada sobre isso, tecnicamente falando, o fato de
introduzir um membro no ânus (que não é um lugar limpinho,
convenhamos) já não pareceria saudável, porém, escutei uma médica
falar sobre os absurdos casos de câncer de próstata e endocardite
bacteriana em homossexuais, muito mais do que em héteros e
ela explica cientificamente o porquê desta estatística. Bom, é
alarmante mas existe uma série de coisas que não são saudáveis e
as pessoas fazem assim mesmo, não é verdade? Desde tomar
refrigerantes ou comer frituras até embriaguez, etc.
No caso do
católico, são Paulo é quem mais claramente fala sobre Castidade,
que é o “X” da questão de fato. “Ou não sabeis que vosso
corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual
recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?
Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo” (1Cor 6,19-20). Entregar a vida ao Senhor,
que fez o Céu, a Terra e tudo que existe, que se encarnou para viver
entre nós e morreu numa Cruz para nos salvar, leva-me
necessariamente a colocar minha vida de acordo com a Sua vontade...e
não a minha. Ter o domínio de si mesmo só é possível pela
Castidade e o cristão que não a vive (ou não luta por esse ideal)
está apenas brincando de ser cristão ou se iludindo. “A
virtude da Castidade desabrocha na amizade” (CIC 2347). A
Igreja, no desejo de que sejamos filhos de Deus íntegros, no desejo
de honrar tão maravilhoso Deus, pelo que ele faz e pelo que ele é,
nos convida à perfeição, pois é esse o desejo de Cristo: “Sede
perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).
E “bem-aventurados os puros de coração, porque
verão a Deus!” (Mt 5,8). Isso não será possível colocando o
prazer sexual como o principal em minha vida. A Castidade não é
apenas para os homossexuais, mas é para todos! O casado, o solteiro,
o padre, a freira, enfim, a todos é feito o chamado para doarem suas
vidas (e seus corpos), de maneira ordenada, ao Senhor (o
“mal moral” pode ser definido como ausência de Bem ou ausência
de Ordem, mas essa explicação também merece outro texto),
sabendo que o que ele tem para nós “nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem o coração humano pode imaginar” (cito de cabeça).
Poder-se-ia dizer:
“Mas isso é impossível ou, no mínimo, muito difícil!”. De
fato, é mesmo. Deus não nos cobrará a perfeição desse desejo,
mas julgará o quanto você luta para se adaptar à sua divina
vontade. Como dizia o Papa João Paulo II: “Santo é o pecador
que não desiste!”. Aceitar o pecado porque não consigo vencê-lo
e desistir de lutar é fazer uma escolha: a escolha de que Deus (e a
Igreja) está errado no que me pede. Talvez se passe a vida inteira
lutando contra um pecado...e não o vença! Precisará a vida inteira
pedir perdão a Deus, arrependido. E a prova de que está arrependido
será a luta para não cair novamente, mesmo sabendo que será
dificílimo. A sua luta é que faz toda a diferença! Porém, se por
não conseguir vencer o pecado, eu começar a achar que é assim
mesmo, que não consigo, que não tem jeito ou até mesmo que não há
nada demais no pecado, então como brotará o arrependimento em meu
coração? Como pedirei perdão, se já acho que não fiz nada de
errado? A misericórdia de Deus é infinita...para aqueles que se
arrependem.
Dois exemplos
práticos, um homo e outro hétero. Um homossexual (ou hétero) que
mantém relações sexuais sem ser casado e um casado que adultera
com outra (o) estão ambos infringindo o mandamento que diz: “não
pecar contra a castidade”. Ambos estão, objetivamente,
a caminho do inferno, da condenação eterna. Estamos julgando o fato
em si, porém, subjetivamente, é impossível
aos homens saber o quanto cada um destes luta contra o que está
fazendo, escravizado pelo desejo sexual. Deus, o justo juiz, conhece
as atenuantes do pecado, o que levou o pecador a agir assim, o que o
influenciou, quais traumas sofreu, até que ponto é fraqueza ou
safadeza, etc, etc, etc. Se, objetivamente, sabemos que aquela pessoa
está a caminho do inferno, devemos alertá-lo quanto ao risco que
corre de condenar a sua alma ao inferno por toda a eternidade. Como
não conhecemos, subjetivamente, o que levou cada um a cometer o
pecado que cometeu, devemos sempre rezar e, nesse caso, cabe o que o
Papa Francisco disse certa vez: “quem sou eu para julgar?”. O Ato
em si é condenável (e deve ser julgado condenável), mas as
intenções, influências, lutas internas, tudo aquilo que não temos
como saber, fica nas mãos de Deus. Por isso a Igreja sempre
convida ao arrependimento, à Confissão sacramental e à luta!
Se o casado que está adulterando começa a se dar desculpas, como
“mas eu amo a minha amante”, “eu sou fraco mesmo”, “homem é
assim mesmo”, “mas minha mulher não me entende...ou...mas meu
marido não me entende”, essas desculpas são como se dissesse:
“não quero mudar! Dá trabalho mudar, não quero lutar, pra mim
está bom assim”. Cada um de nós somos livres para escolher
entre o que é Bom e o que é Mal, entre o fogo e a água, entre o
certo e o errado, e sofreremos as consequencias de nossas escolhas.
Mas à Igreja cabe orientar o que é Bom e Mal, o que é certo e
errado, para que possamos fazer essa escolha! Se você seguirá ou
não, é livre para decidir, inclusive pelo caminho ruim. Mas deve
ter a consciência de duas coisas: 1) Onde esse caminho ruim vai lhe
levar; 2) Deus estará sempre (como na parábola do filho pródigo)
esperando que você volte-se para Ele, arrependido, e lhe peça
perdão, e a sua misericórdia o acolherá.
Texto longo, não
tenho certeza se concluí bem, com certeza precisarei também voltar
ao tema. Convido a ler Rom 1,18-32, que fala claramente sobre
homossexualismo. Pode a Igreja um dia alterar esse ensinamento?
Logicamente que não, o homossexualismo é condenável e quem o
pratica está, objetivamente, caminhando para o inferno. Como não
conhecemos os motivos que levaram a essa prática (o subjetivo), a
Igreja sempre convidará à lutar contra esse desejo desordenado. Ao
homossexual que teve a paciência de ler até o final, e que tem o
desejo de não se afastar de Deus, apesar desse desejo que não pode
evitar ou entender, eu lhe digo que a sua luta é a luta de todos
nós: Castidade! O homossexual que não consegue vencer esse desejo,
mas luta, está muito mais justificado do que o hétero que transa
com sua namorada e acha isso normal, porque os tempos mudaram, porque
é jovem, etc. O homossexual que se entrega a Deus e não deixa de
lutar, ainda que caia e seja julgado injustamente pela sociedade ou
pela Igreja (pelas pessoas, entenda-se), está muito mais justificado
do que o casado (hétero) que usa camisinha ou anticoncepcional, ou
que pratica com a esposa (ou marido) o sexo anal e/ou oral e acha que
não há nada demais nisso. Deus é fiel e vê quanto cada um luta
para honrar o templo do Espírito Santo, que é o nosso corpo. Deus
tudo vê, inclusive a hipocrisia de muitos que julgam os que lutam e
já se entregaram aos prazeres de maneira desregrada, mas se escondem
atrás de uma máscara social.