sábado, 16 de fevereiro de 2019

AS AVENTURAS DE POLIANA

          Vida de pai de menina é assim mesmo! Brinco de boneca com minha filha, vejo os desenhos da Barbie, as aventuras da Ladybug em Paris e acompanho as novelas do SBT quando posso. Vi Carrossel, Chiquititas, Cúmplices de um resgate, Patrulha salvadora e Carinha de anjo. Mas não tinha visto ainda algo parecido com "As aventuras de Poliana", que está passando atualmente.


          Alguns momentos de Chiquititas eu até curti, mas acabo assistindo mais para acompanhar minha filha. Porém, essa novela foi diferente. A personagem protagonista, Poliana, vivida pela atriz mirim Sophia Valverde, é impressionante. Deu-me vontade de conhecer a história original, que vem de um livro escrito por Eleanor H. Porter. O livro é de domínio público e pode ser lido aqui

          Voltando à personagem, ela é uma criança maravilhosamente positiva, cuja alegria contagia a todos que estão à sua volta, inclusive os adultos tristes e/ou feridos pelas coisas da vida. O seu "jogo do contente" chega a ser surpreendente e emocionante. Nesse jogo ela sempre tenta ver o lado bom das coisas, mesmo as mais difíceis. É incrível a transformação que ela opera na tia, antes uma moça fria e amarga, é admirável. É uma menina impregnada de valores e dá muitas lições durante a novela.


          Pena que a maioria das pessoas ficarão, muito provavelmente, encantadas com a atriz e não com a personagem (a atriz merece os parabéns também pela atuação, mas é o personagem e seus valores morais que encantam). Acho que todos nós gostaríamos de conhecer uma criança como Poliana, mas o grande desafio mesmo é SERMOS como Poliana aos outros.

          Espero que ninguém encontre "pactos com o diabo" ou alguma música da novela que tocada de trás pra frente fala do demônio e essas coisas. É uma grata surpresa na TV quando esta já não apresenta praticamente nada que preste. Parabéns a quem escreveu a novela (acho que foi a filha do Silvio Santos). 

domingo, 10 de fevereiro de 2019

PRA DESTRUIR A SEMANA


          Um dia desses, saindo do trabalho, vi uma senhora que parecia moradora de rua escrevendo no chão. Ainda cheguei a ler a primeira frase que ela escreveu: "Se não aprender a amar a mim mesma, como poderei amar o próximo?". No dia seguinte, ao passar no mesmo local, vi o que mais ela escreveu: "As vezes fico pensando que eu serei feliz". Aquela frase arrasou minha semana.

          O nosso cotidiano é tão corrido que acabamos sendo levados pela vida, esquecemos nossos sonhos, tornamo-nos pessoas frias, tristes, deixamos de lado aquilo que realmente importa. Passamos a viver para acumular coisas e não ligamos para os valores que realmente nos fazem sermos pessoas melhores. Achamos bonito atitudes como a de são Francisco de Assis, que largou sua fortuna para ter uma vida simples, mas longe de nós termos a mesma atitude. Isso é coisa para os livros. Isso é coisa para os santos.

          Deus nos fala nas coisas simples e, quem poderia esperar ou imaginar?, por uma moradora de rua, soltando seu pedido de ajuda ou seu desabafo. Tenho meus sonhos, assim como cada um de nós temos, mas quem se importa com os sonhos de uma moradora de rua? Eu não mais a encontrei e, se encontrasse, não sei o que fazer, não sei como abordar a pessoa, não sei o que eu poderia fazer para ajudá-la a ser feliz, mas isso não saiu da minha cabeça. Aquela mulher escrevendo no chão destruiu minha semana e a única coisa que me vinha na cabeça era: "mas que bosta de cristão eu sou".

          Aquela senhora tem seus sonhos, assim como as crianças que moram na rua (e que acabarão tendo seus sonhos pisados pela triste e dura realidade). A dureza da vida é cruel, injusta, não leva em conta nossos limites, o que passamos, nossos traumas, sofrimentos, sonhos...a vida é dura e não se importa. Lembra-me uma vez que uma turma aqui onde moro foram juntos à praia (eu fui também) e lá havia uma criança que havia levado um caixote e ficou sentado na areia. E falávamos para ela se levantar e vir pra fora da água, mas ela respondia (parada) que tinha entrado areia nos olhos. Ficando parada, vinha outra onda e quebrava em cima da criança, piorando a situação. A dureza da vida exige que sejamos fortes. Parar enquanto outra onda vem vindo, como se ela tivesse a obrigação de entender que precisamos de um tempo, é loucura ou ingenuidade, e nos trará ainda mais dificuldade. É preciso seguir...e é preciso justamente porque outros precisarão ser ajudados nos infortúnios da vida.

          É necessário que eu pregue na Igreja, é fundamental que eu vá à santa Missa, que eu receba o Corpo de Cristo em mim. É preciso ser dizimista para ajudar nas contas da Paróquia, é preciso oração, pessoal e comunitária. Servir numa pastoral é preciso, interceder pelos outros, seja na oração do terço ou outras formas. Mas o Evangelho precisa nos mover em direção aos mais pequeninos, nem que seja no nosso íntimo, nem que seja para que possamos nos enxergar como somos: dependentes da graça de Deus e incapazes sequer de boas obras, se não for pela ação do Espírito Santo.

          Os sonhos daquela mulher talvez não sejam jamais realizados. Seu desabafo, porém, me arrasou por dentro. Fez-me reconhecer como meu ministério na Igreja é estéril, é básico. Eu não sei que rumo seguirei nesse momento, mas tenho certeza de que Deus me deixará inquieto em relação a essa realidade por muito tempo.

          Não que minha vida na Igreja seja falsa e nem é alívios de consciência que busco (cada um avalie a si mesmo). A minha impotência diante de ajudar alguém a vencer seus limites e realizar um sonho talvez seja uma cruz a carregar por toda a vida. Talvez seja necessário outro nível de conversão que ainda não pude dar ou será preciso outra pessoa me ajudar a isso (ou nos organizarmos em comunidade para isso). A esperança daquela mulher de rua de que ainda será feliz foi um tremendo tapa na cara. Deus me ajude a acordar com esse tapa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

VOLTANDO À MISSA TRIDENTINA

     Fiquei uma semana sem internet em casa, mas já está tudo resolvido.
     Pra atualizar o blog, conto como foi estar numa Missa tridentina, a minha primeira em 2019.


VOLTANDO À MISSA TRIDENTINA
Wilson Jr

          Hoje, 23 de janeiro de 2019, tive a oportunidade de assistir a Missa no rito romano extraordinário, a chamada Missa Tridentina (por causa do Concílio de Trento é assim chamada). Sem dúvida esse rito apresenta suas diferenças em relação ao rito ordinário (que é normalmente celebrado nas paróquias), e o curioso é que mesmo o rito tridentino (celebrado pelo padre João Jefferson, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Olaria) já sofreu algumas alterações ou acréscimos em relação ao rito tridentino celebrado por um católico tradicionalista (como d. Lourenço Fleshman na Capela São Miguel, no Cosme Velho, por exemplo). Lembro-me que o impacto da Missa tridentina celebrada por d. Lourenço foi muito maior (minha primeira vez foi lá na Capela são Miguel) que celebrada pelo padre JJ.

          O rito tridentino é sério, sem extravagâncias, sem excentricidades, é um rito para aqueles que são pecadores e necessitam da misericórdia de Deus e assim a clamam, penitentes. Para quem ainda não descobriu o que é a santa Missa pode parecer frio e chato. A Missa tridentina só faz sentido para quem crê! E para quem crê, ela é o momento de pedir perdão a Deus pelas nossas ofensas intermináveis, de joelhos, em silêncio, contemplando o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. O rito ordinário, esse da maioria das paróquias, passa a impressão que é o rito das pessoas que já estão salvas, por isso festejam, se alegram e até dançam e batem palmas. No tridentino estamos na cruz junto a Jesus. O que há é a dor de ter ofendido a Deus e a busca penitente de reparar essas ofensas e de não mais voltar a ofendê-lo. Não há motivo para festejar nada. O que há é o desejo de estar em Deus para sempre! Por isso “subimos ao altar de Deus, o Deus que alegra a nossa juventude”! Não importa nossa idade ao declarar isso, pois não há rito novo ou velho, o rito da Missa é eterno! E o Deus eterno nos faz jovens em nosso interior, pois é somente com o coração de criança que podemos receber o Reino de Deus.

          As orações em latim no rito tridentino podem deixar quem participa pela primeira vez (ou mesmo quem participa há muito tempo) meio perdido, sem saber o que fazer. Mas, como bem explicou após a Missa o padre João Jefferson, é preciso entender o que é a Missa e, a partir daí, não é necessário sequer aprender o Latim. Padre João fez uma comparação interessante com o futebol. Aqueles que entendem o futebol podem assistir um jogo com uma narração em português, francês, inglês, russo, tanto faz. Ele saberá da mesma forma o que é um drible, um gol, impedimento, falta, pênalti, etc, mesmo sem entender a narração. Ele sabe o que está acontecendo. E esse é o grande problema entre os católicos hoje em dia na santa Missa: eles não sabem o que está acontecendo! Daí toda a infinidade de excessos litúrgicos (alguns abomináveis) que acontecem no rito ordinário. No rito tridentino, o padre JJ permitiu cantos em português, algumas orações também. Com d. Lourenço (no Cosme Velho) ele somente rezava em português as orações pós-Missa (a Ave-Maria e a oração de são Miguel arcanjo). Padre João ainda acrescentou orações de são Tomás de Aquino para nos preparar para a Missa (antes de se iniciar) e para agradecer (após o seu término).

          Qualquer que seja o rito, a santa Missa é a renovação do sacrifício da cruz, mas quanto melhor celebrada da parte do sacerdote, melhor será aproveitada da parte dos fiéis. Bem lembrou o padre JJ que o Papa Bento XVI desejou que todo sacerdote conhecesse e celebrasse a Missa no rito extraordinário para melhor celebrá-la também no rito ordinário.

          Toda quarta-feira é celebrada a santa Missa no rito extraordinário na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Olaria, às 20h.