domingo, 23 de dezembro de 2018

"BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES"


          É claro que todo mundo reparou já isso, mas tenho que destacar: o "elogio" feito a Maria, mãe de Jesus, não partiu apenas de Isabel! Maria a saudou e esta "ficou cheia do Espírito Santo", exclamando em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre". É o próprio Deus que exaltou Maria acima de todas as mulheres! "Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?", continuou Isabel, "cheia do Espírito Santo". A mãe de Deus vir a nós é uma honra que não merecemos, mas que devemos aceitar. "Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio". Isabel está falando literalmente de João Batista em seu ventre. Mas vamos ter a audácia de interpretar para nós, hoje, esta passagem: "a voz de tua saudação" podemos interpretar como a oração do terço, que possui a saudação a Maria e essa "criança" que estremece em nosso seio somos nós mesmos, essa "criança" é o que devemos nos tornar para chegarmos à salvação em Cristo, afinal não são aqueles que recebem o Reino como uma criança que nele entrarão? Nossa Senhora nos ajuda, pela oração do Rosário (ou ao menos o terço), a sermos como crianças, fugindo das tentações maldosas do mundo, fugindo de nossas próprias concupiscências, afugentando o inimigo de Deus de nossas vidas. Aquela que esmagou a cabeça da serpente não é a mais indicada a tudo isso?
          Percebeu uma outra coisa? Na passagem das Escrituras em questão, Isabel exclama depois de ser cheia do Espírito Santo. Ela recebeu uma graça naquele momento, foi agraciada. Mas, quando Maria proclama o Magnificat em resposta à saudação de Isabel, a Palavra de Deus não diz que ela ficou "cheia do Espírito Santo" para proclamar. Sabe o porquê? Alguns versículos anteriores, quando o anjo saúda a Nossa Senhora, ele a chama de "Cheia de graça!". Maria não foi apenas agraciada, como Isabel (ou como cada um de nós, quando recebemos uma graça de Deus), mas estava "cheia" dessa graça. Não houve momentos em que Maria foi agraciada, sua vida inteira esteve CHEIA da graça de Deus!
          "Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas". Foi o próprio Deus que exaltou Maria acima de todas as mulheres! E Isabel ("cheia do Espírito Santo", diga-se) chama-a de "bem-aventurada"! Quando te disserem que a Igreja Católica exagera nas honras a Maria, mãe de Jesus, diga que não é a Igreja Católica que exalta Maria, mas foi o próprio Deus que exaltou Maria acima de todas as mulheres. A Igreja Católica apenas reconhece o que Deus fez em Maria.
           Vale a pena terminar este texto repetindo o que diz são Luís de Montfort no seu "Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem", logo no capítulo primeiro: "Confesso com toda a Igreja que Maria é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada, portanto, à Majestade infinita ela é menos que um átomo, é, antes, um nada, pois que só Ele é "Aquele que é" (Ex 3,14)...digo, entretanto, que, supostas as coisas como são, já que Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus, imutável em sua conduta e em seus sentimentos". Neste artigo repeti uma frase propositadamente três vezes, não por acaso, mas em honra às três pessoas da Santíssima Trindade, mas como é uma verdade maravilhosa de nossa fé, termino com ela mais uma vez: "FOI O PRÓPRIO DEUS QUE EXALTOU MARIA ACIMA DE TODAS AS MULHERES"! Louvado seja Deus em sua imensa sabedoria!

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

PLINIO CORREIA DE OLIVEIRA

          Eis que faço uma pequena pausa no tema da Abominação da desolação para falar de três livros que ganhei do meu pároco. Parece que alguém presenteou a paróquia com os três últimos livros dessa coleção acima (na foto), indicando fazer uma rifa, mas ele preferiu dar de presente a alguém que goste de ler, e fui quem ele escolheu, não sei ainda se para minha felicidade ou tristeza.
          São três livros grossos mas que me vieram no meu início de férias, então, por que não dar uma olhadinha? Estou ainda na página 54 do livro III (são 630), mas já dá pra fazer alguns comentários iniciais.
          A coleção é "O dom de sabedoria na mente, vida e obra de Plinio Correia de Oliveira" e o livro III tem como tema: "Configura-se a missão". O autor da obra é o Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias. O Dr. Plinio é o fundador da TFP (Tradição, Família e Propriedade), um grupo Católico Tradicional; Monsenhor Clá Dias é o fundador dos Arautos do Evangelho, um grupo dissidente da TFP. Já ouvi muito falar de Dr. Plinio, mas quase sempre não foram coisas boas, pois as informações que eu tinha vinham da Associação Cultural Montfort, cujo fundador (Professor Orlando Fedeli) veio da TFP também, porém, ao sair tornou-se um crítico feroz desta. O professor Orlando chegou a denunciar que na TFP, em seus círculos mais internos, havia um delirante culto a Dr. Plinio e a sua mãe, dona Lucilia, até mesmo adotavam o nome de "sempre viva" (se não me engano), agindo como uma seita secreta dentro da TFP. Nunca investiguei e nem me importei com isso, já que nunca me interessei pela TFP, a não ser historicamente, sendo inegável um papel importante de Plinio Correia de Oliveira na liderança católica brasileira no século XX.
          Em relação às poucas páginas que li, nota-se uma admiração extraordinária de Monsenhor Clá Dias pelo Dr. Plínio. Tenho pessoas que eu admiro na minha caminhada, como meu irmão mais velho Wilton (que é membro da comunidade Shalom), Marcelo Soares (cantor e membro da comunidade servos da Divina Misericórdia), Bráulio e Elaine (casal aqui da paróquia Nossa Senhora da Glória), Yan e Denise (casal de Congregados Marianos aqui da paróquia). Esses entre os que eu conheço pessoalmente. Também foram importantes para mim o padre Jonas Abib (comunidade Canção Nova), o cantor Martin Valverde, a cantora Kelly Patricia, entre outros, e atualmente o padre Paulo Ricardo tenho muita admiração e respeito. Mas nada se compara à admiração que Mons. Clá demonstra a Dr. Plinio. Ele o tem quase como se fosse Jesus! Ou um grande santo! Vejam esse texto:

          "Mons. João Clá Dias, autor dessa obra, nasceu...chegado à fase da adolescência, vivia ele uma autêntica tragédia interior por perceber a degradação da sociedade...ele desejava muito encontrar uma pessoa boa e desinteressada. Não era possível que o universo se sustentasse sem alguém assim. Por uma ação da graça, tinha certeza absoluta de existir um homem que fosse PERFEITO, JUSTO, GRANDIOSO, CAPAZ DE MUDAR A FACE DA TERRA, junto ao qual houvesse um grupo de pessoas...no primeiro dia da novena de Nossa Senhora do Carmo, no ano de 1956, descobriria quem era essa homem: PLINIO CORREIA DE OLIVEIRA, a cujo lado se colocaria desde aquele momento para servir à Santa Igreja Católica" (orelha da capa e contra-capa).

          Leia novamente os atributos acima dados pelo autor. Eu comecei a ler e pensei que ele falaria de JESUS, mas estava se dirigindo ao fundador da TFP. Dr. Plinio é canonizado pelo autor e realmente me pareceu de uma maneira bem exagerada. Porém, quem conheceu pessoalmente a ele foi o autor e não eu. Em relação à obra do Monsenhor, os Arautos do Evangelho, conheço a revista que eles publicam (não sei com quanta regularidade) e posso dizer que as edições que já li foram excelentes (é só o que posso dizer).

          Agradeço ao padre Valnei pelo presente e tentarei nessas férias continuar a ler (é uma obra enorme, mas o interesse histórico mantem-me motivado). Havendo novidades sobre a obra, boas ou ruins, venho publicar aqui.

Não por acaso estarão aí abaixo links para três livros, um de Monsenhor Clá sobre Fátima, um do professor Orlando sobre  a TFP e o terceiro o famoso "Revolução e Contra revolução", do Dr. Plínio (só que em inglês).


domingo, 16 de dezembro de 2018

CONTINUANDO O TEMA...


          Pesquisando no google sobre o tema ("Abominação da desolação"), encontro um video curtinho de um protestante, professor Leandro Quadros, que trata sobre o tema e, obviamente, não consegue acertar. E por que não consegue? Porque a chave para compreender o que Jesus está falando em Mateus 24 não é o livro de Daniel, mas sim o de Macabeus (que o protestante não tem em sua Bíblia). Por isso o professor Leandro vai tomar essa expressão do "Desolador" ou dessa "Abominação" como uma grande perseguição que a Igreja irá enfrentar no fim dos tempos, mais terrível e abrangente do que foi a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C., a qual Jesus parece se referir num primeiro momento.
          Jesus diz em Mateus 24: "Quando virdes estabelecida no templo a abominação da desolação que foi descrita pelo profeta Daniel (9,27)...". Parece uma perseguição ou algo específico? Algo que será visto sobre o templo e que será o início dessa (aí sim) grande perseguição? Daniel vai dizer na passagem de seu livro 9,27: "...no meio da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; sobre a asa das abominações virá o devastador, até que a ruína decretada caia sobre o devastado". Não me aprofundei ainda sobre os detalhes de como foi a destruição imposta pelos romanos em Jerusalém no ano 70 d.C. pra poder explicar nesse acontecimento o que fez "cessar o sacrifício e a oblação", mas o que seria para o final dos tempos "cessar o sacrifício", uma vez que o sacrifício de Cristo substituiu para nós todos os sacrifícios e oblações do Antigo Testamento? Quando Jesus profetizou ainda haveria sentido, pois ainda não tinha instituído o sacrifício da Nova Aliança e, portanto, não seria compreendido, mas para o final dos tempos já não há como associar sacrifícios ultrapassados como os do AT.
          O professor Leandro Quadros ainda tenta explicar racionalmente e eu respeito. Mas o que dizer de outros, que chegam a viajar tanto na maionese que acreditam que a "Abominação" será o Papa Francisco sentar num trono em Jerusalém e que (são) João Paulo II vai ressuscitar para governar ao seu lado? Aí diz que um é a Besta e o outro o Falso profeta. Haja imaginação e delírio! Coloquei o link aí (nem sei se deveria) não pra divulgar o site mas pra vergonha deles mesmo.
          Voltando ao lado católico, que crê no livro dos Macabeus como inspirado por Deus e parte da Bíblia, vi uma notícia estarrecedora no site da Associação Cultural Montfort, que são tradicionalistas que reconhecem a legitimidade dos Papas pós-Concílio Vaticano II, mas rejeitam o Concílio e a Reforma Litúrgica do Papa (são) Paulo VI. A notícia diz que o santuário de Fátima em Portugal será transformado para ser um "centro onde todas as religiões do mundo se reuniriam para prestar homenagens a seus vários deuses". O título do artigo traz justamente a "abominação no lugar santo: o santuário de Fátima se tornará um santuário pagão". Vergonhoso, sem dúvida, mas não é será a primeira vez que acontecerá algo assim. Sobre o "Encontro de Assis" em 1986, porém, só vou relatar em outro texto, não agora.
          No site Permanência, outro tradicionalista que reconhece os Papas mas não o Concílio Vaticano II e a Missa nova, vão dizer que o "sacrifício perpétuo" que cessará é a Santa Missa, que por ocasião da Reforma litúrgica de 1969, foi transformada. A Missa "antiga", a Tridentina, ficou apenas com grupos tradicionalistas e sedevacantistas, e todo o mundo católico adotou a Missa "nova", reformada, do Papa Paulo VI. Sobre essa Reforma desastrosa eu também só me aprofundarei em outro texto. A conclusão do site Permanência nesse artigo é temerária. Ele diz que as Missas atuais são "provavelmente inválidas por falta de intenção do sacerdote de fazer o que a santa Igreja sempre fez". Começar a julgar intenções é delirar. O rito novo é fraco, ambíguo, muitas vezes os padres abusam liturgicamente dele até as raias do escândalo, chegando a ser muitas vezes blasfemo...mas é válido! Como julgar intenções? Esse é justamente o tipo de julgamento que Nosso Senhor nos adverte nos Evangelhos quando diz: "Não julgueis...".
          Para concluir esse texto, essa reflexão, tenho que dizer que só faz sentido a interpretação dessa "Abominação" quando lemos o livro dos Macabeus e quando cremos que o sacrifício da Nova Aliança é a Santa Missa, que renova o sacrifício da Cruz do Calvário pelos séculos. Nas próximas reflexões, terei que citar o Papa (são) João Paulo II e o terrível encontro ecumênico de Assis, em 1986, onde aconteceram coisas que, se não são, se aproximam muito dessa profanação descrita no AT e projetada aos nossos tempos.

sábado, 15 de dezembro de 2018

ENROLADO COM AS PROVAS

          Aos meus poucos leitores: estou em fase final de provas neste período (amanhã é a última prova deste semestre) e por isso não estou postando nada, mas os estudos sobre a "Abominação da desolação" voltarão (entre outros).
          Aproveito pra dar uma alfinetada na minha apostila de História Moderna. Ao explicar as diferenças entre Católicos e Protestantes (falando de Reforma e Contrarreforma), uma dessas diferenças que a apostila traz é a "adoração dos santos" pelos católicos! Eu mereço! Aí vem uma besteira dessas na minha prova e eu respondo o quê? Dane-se o semestre! Vamos evangelizar na prova! (mesmo sabendo que a nota será baixa)...

sábado, 8 de dezembro de 2018

ABUSOS LITÚRGICOS: ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO?

          A pergunta que não quer calar é: os inacreditáveis abusos litúrgicos que vieram sobre a santa Missa após o Concílio Vaticano II e, principalmente, a Reforma litúrgica são apenas más interpretações ou são consequencias dos próprios textos da Reforma e/ou do Concílio?



          Quem é o responsável pela santa Missa ter se tornado uma "palhaçada" (logicamente nem toda Missa é assim)? Como é que a Renovação do Sacrifício que Jesus realizou no Calvário se transformou no que vemos nessas duas fotos? Abusos litúrgicos já não são novidades há tempos. Vou deixar apenas um link de um vídeo do youtube que mostra algumas fotos de abusos e frases importantes sobre o tema: https://www.youtube.com/watch?v=cUwwvsztk_E.

          Inicialmente lembro de um estudo que realizei há alguns anos onde comparei a definição da santa Missa feita pelo Catecismo de são Pio X (anterior ao Concílio Vaticano II) e a Instrução Geral do Missal Romano (1969).

"A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo que sob as espécies do pão e do vinho, são oferecidos pelo padre a Deus sobre o altar em memória e renovação do Sacrifício da Cruz" (Catecismo de são Pio X).

"A Ceia do Senhor ou Missa é a santa assembléia ou reunião do povo de Deus que se reúne sob a presidência do padre para celebrar o memorial do Senhor" (Institutio Novi Missalis Romani).

          Qualquer um que não consiga enxergar uma diferença absurda entre as duas definições ou está completamente cego ou me ajude a sair da MINHA cegueira, pois é completamente impossível para mim conciliar essas duas definições, por mais malabarismos que se faça.

          Nunca é um bom caminho negar a realidade que se está vendo. O Papa Paulo VI nada fez para combater os abusos litúrgicos que aconteceram a partir da Reforma litúrgica e somente com João Paulo II estes foram sendo combatidos (e tardiamente). Bento XVI foi quem mais fez, entre os Papas pós-Concílio, para combater esses abusos. A linguagem dúbia do Missal Romano foi diretamente responsável pela profusão de erros, entre os que já queriam mudar e entre os que foram confundidos por ele, porém, é INEGÁVEL também que HÁ MISSAS NOVAS (pra usar uma linguagem vulgar usada por tradicionalistas) BEM CELEBRADAS, como as do padre João Jefferson, da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Olaria, aqui no Rio de Janeiro, entre as que já assisti.

          Não é justamente essa mudança do que acreditamos que é a Santa Missa que Nossa Senhora denunciava nas mensagens ao padre Gobbi, do Movimento Sacerdotal Mariano, que coloquei no último texto? Não seria isso o que diz em Macabeus: "edificaram a abominação da desolação por sobre o altar e construíram altares em todas as cidades circunvizinhas de Judá"? (1Mac 1,54).



terça-feira, 4 de dezembro de 2018

A SANTA MISSA NO CONCÍLIO DE TRENTO

          No último post trouxe o que (são) João Paulo II ensinou-nos em sua encíclica ECCLESIA DE EUCHARISTIA sobre a Santa Missa e de como nos orientou (a todo povo católico) a buscar a referência dogmática sobre esta no Concílio de Trento.

       
          É somente quando se estuda os textos do Concílio de Trento que se percebe o quanto a Santa Missa mudou depois do Concílio Vaticano II e, principalmente, da Reforma Litúrgica do Papa (são) Paulo VI, realizada em 1969.

          O cânon 1 da Santa Missa já é demolidor: "Se alguém disser que na Missa não se oferece a Deus verdadeiro e próprio sacrifício ou que oferecer-se Cristo não é mais que dar-se-nos em alimento - seja excomungado". A Santa Missa é verdadeiro sacrifício e NÃO É apenas para que recebamos Jesus como alimento. Mas que "sacrifício" é esse?

          O cânon 3 da Santa Missa vem assim: "Se alguém disser que o sacrifício da Missa é somente de louvor e ação de graças, ou mera comemoração do sacrifício consumado na cruz, mas que não é propiciatório, ou que só aproveita ao que comunga, e que não se deve oferecer pelos vivos e defuntos, pelos pecados, penas, satisfações e outras necessidades - seja excomungado". NÃO É comemoração nem somente louvor e agradecimento, mas VERDADEIRO SACRIFÍCIO, e não qualquer sacrifício, mas o SACRIFÍCIO CONSUMADO NA CRUZ. E ainda não somente isso, mas PROPICIATÓRIO, ou seja, recebemos as graças desse sacrifício (o da cruz do Calvário) quando dela (da Santa Missa) participamos. Não uma graça do momento em que estamos hoje, mas uma graça que nos vêm direto do Calvário.

          O Concílio de Trento é dogmático, ou seja, aquilo que ele ensinou vale para sempre como fé católica e, inclusive no seu cânon, vai dizer, no número 6: "Se alguém disser que o Cânon da Missa contém erros e por isso se deve ab-rogar - seja excomungado". Talvez seja estranha à essa geração de hoje uma linguagem assim tão firme, porém, assim dessa forma, dificilmente se pode interpretar de maneira diferente o que se está ensinando. E assim deve ser a doutrina: CLARA.

          Os textos do Concílio de Trento (em especial aqui os relativos à Santa Missa) deveriam ser de conhecimento de todos os católicos, mas, inegavelmente, após o Concílio Vaticano II e a Reforma Litúrgica de Paulo VI, muitos interpretaram que se deveria esquecer o que foi definido por Trento, como se o Vaticano II substituísse Trento, superando-o (curiosamente os Papas João XXIII e Paulo VI, os dois que presidiram o Vaticano II, não o declararam dogmático mas apenas "pastoral").

          Nem vou entrar na polêmica da linguagem em que deve ser celebrada a Santa Missa (definida por Trento), pois não está no assunto desse estudo. Na verdade, mesmo falando sobre a encíclica do Papa João Paulo II e o Concílio de Trento, o assunto que quero tratar é ainda a ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO. Onde pretendo chegar? Em Macabeus diz que "edificaram a abominação da desolação por sobre o altar e construíram altares em todas as cidades circunvizinhas de Judá" (1Mac 1,54) e que fossem suspensos "os holocaustos, os sacrifícios e as libações no templo" (1Mac 1,45). Sobre o altar do sacrifício foi construído novo altar, mas abominável. Isso foi previsto pelo profeta Daniel e aconteceu na época dos Macabeus. Jesus cita novamente nos evangelhos referente à destruição de Jerusalém (historicamente no ano 70 d.C.) mas, em relação ao final dos tempos (que é o que nos interessa mais nesse momento), esse sacrifício é A SANTA MISSA. De que maneira, porém, o altar da Santa Missa será suspenso e substituído por outro, um falso altar? Pode o sacrifício da Missa ter sido suspenso? Não creio...mas um outro (falso) "sacrifício" para confundir o verdadeiro seria possível.

          Trago ainda a mensagem que o padre Gobbi (fundador do Movimento Sacerdotal Mariano) recebeu em 31/12/1992, falando sobre o fim dos tempos. Nessa mensagem, Nossa Senhora fala sobre a Abominação da desolação. Sei que nem todos crêem que Nossa Senhora é a autora dessas mensagens, mas para esse estudo isso não importa. Quem não crê que Nossa Senhora falava ao padre Gobbi tem, ao menos, uma interpretação para o que é essa Abominação. E Nossa Senhora diz: "O sacrifício da Missa renova o sacrifício consumado por Jesus sobre o Calvário. Acolhendo a doutrina protestante se dirá que a Missa não é um sacrifício, mas somente a santa ceia, ou seja, a recordação do que Jesus fez na sua última ceia. E assim será suprimida a celebração da santa Missa. Nessa abolição do sacrifício cotidiano consiste o horrível sacrilégio cometido pelo anticristo". 

          Muitos padres e bispos (e leigos, teólogos, diáconos, etc) ensinaram que a santa Missa não é um sacrifício. A Missa celebrada por estes seria válida? Só pra dar um exemplo: em 2006, um dominicano (Jean Cardonnel) chegou a escrever com todas as letras que a Missa não era um sacrifício, que o altar é apenas uma mesa e renegou tudo que Trento ensinou (o site tradicionalista católico MONTFORT fez uma crítica feroz aos desvarios desse frei). Na época, o ódio desse dominicano veio em resposta à liberação da Missa tridentina pelo Papa Bento XVI. Ele é apenas um de inumeráveis exemplos de como a fé sobre a Missa passou por tentativas de mudança. E vindas de cima! Continuarei no tema no próximo texto.


domingo, 2 de dezembro de 2018

ECCLESIA DE EUCHARISTIA

"A Igreja vive da Eucaristia!"

          Assim começa a carta encíclica de (são) João Paulo II "Ecclesia de Eucharistia", de 2003. Uma encíclica surpreendente pelo teor doutrinário sobre a santa Missa, e de maneira bem tradicional. Em tempos ainda de super euforia com o Concílio Vaticano II, com ecumenismo exagerado, anarquias litúrgicas, excessos e tudo mais, vem o Papa João Paulo II e traz verdades dolorosas a quem tinha esperanças de que a Igreja mudasse seu ensinamento sobre a santa Missa.


          "A Igreja vive de Jesus eucarístico, por ele é nutrida, por ele é iluminada" (EE 6).
          O surpreendente na encíclica é o Papa valorizar algo que estava, pelos progressistas, ultrapassado e esquecido: o Concílio de Trento. "Como não admirar as exposições doutrinais dos decretos sobre a Santíssima Eucaristia e sobre o Santo Sacrifício da Missa promulgados pelo Concílio de Trento? Aquelas páginas guiaram a teologia e a catequese nos séculos sucessivos, PERMANECENDO AINDA como ponto de referência dogmático para a incessante renovação e crescimento do povo de Deus na sua fé e amor à Eucaristia" (EE 9).

          João Paulo II elogia a reforma litúrgica e diz que trouxe grandes vantagens, mas..."a par destas luzes, não faltam sombras, infelizmente". Então fala de alguns abusos litúrgicos, principalmente o desprovir a Santa Missa de seu valor sacrificial: "despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa" (EE 10). Obviamente a Santa Missa é muito mais que isso. Obviamente nessa época já haviam muitos e muitos mais abusos litúrgicos pelo mundo.

          Colocando o Concílio de Trento como referência dogmática, o Capítulo primeiro da encíclica já afirma que a Santa Missa "é o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos" (EE 11). Em tempos de ouvir que a Missa era uma "festa", um "banquete", uma "refeição", etc, reafirmar o Concílio de Trento e o valor da Missa como sacrifício já foi pisar no freio progressista e dar uma meia-volta surpreendente. "A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor" (EE 12). Como isso estava começando a ser esquecido nas paróquias!

          Não uma lembrança do sacrifício da cruz ou uma referência indireta a esse sacrifício. "A Eucaristia é sacrifício em sentido próprio, e não apenas em sentido genérico como se se tratasse da oferta de Cristo aos fiéis para seu alimento espiritual" (EE 13), ou seja, Jesus nos deixou a si mesmo nesse admirável sacramento não apenas para ser nosso alimento espiritual, mas para que pudéssemos participar de seu sacrifício. Ao afirmar a presença REAL do Senhor na Eucaristia, diz que "reafirma-se assim a DOUTRINA SEMPRE VÁLIDA do Concílio de Trento" (EE 15), outra citação de um Concílio considerado "ultrapassado".

          "O culto prestado à Eucaristia fora da Missa é de uma valor inestimável na vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do sacrifício eucarístico." (EE 25) João Paulo II é genial ao comparar a adoração eucarística com o inclinar do apóstolo predileto sobre o peito de Jesus (cf. João 13,25).

          Há riquezas incríveis nessa encíclica, onde o Papa reafirma o valor da Missa celebrada mesmo que não tenha povo, o valor do sacramento da Ordem para que possa ser celebrada a Missa, que deve haver Confissão dos pecados para poder receber Jesus eucarístico, que a Eucaristia deve gerar em nós uma contínua exigência de conversão. Desfaz as confusões ecumênicas sobre o assunto, pois "o caminho para a plena união só pode ser construído na verdade" (EE 44). Novamente vai lamentar os abusos litúrgicos, especialmente em relação à música, e termina oferecendo-nos Maria, mulher eucarística, "o primeiro sacrário da história" (EE 55).

          Minha admiração por esse documento e o que escrevi aqui não revelam 1% do que ele é. Todo católico deveria ler, meditar e ter esse documento como livro de cabeceira. Ele é curto, mas um tesouro! Quer conhecer a santa Missa a fundo mesmo e abraçar a fé dos santos? Comece por aqui e vá para os ensinamentos doutrinários sobre a Missa que estão no Concílio de Trento. A santa Missa é o tesouro escondido que poucos católicos encontraram.