domingo, 16 de dezembro de 2018

CONTINUANDO O TEMA...


          Pesquisando no google sobre o tema ("Abominação da desolação"), encontro um video curtinho de um protestante, professor Leandro Quadros, que trata sobre o tema e, obviamente, não consegue acertar. E por que não consegue? Porque a chave para compreender o que Jesus está falando em Mateus 24 não é o livro de Daniel, mas sim o de Macabeus (que o protestante não tem em sua Bíblia). Por isso o professor Leandro vai tomar essa expressão do "Desolador" ou dessa "Abominação" como uma grande perseguição que a Igreja irá enfrentar no fim dos tempos, mais terrível e abrangente do que foi a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C., a qual Jesus parece se referir num primeiro momento.
          Jesus diz em Mateus 24: "Quando virdes estabelecida no templo a abominação da desolação que foi descrita pelo profeta Daniel (9,27)...". Parece uma perseguição ou algo específico? Algo que será visto sobre o templo e que será o início dessa (aí sim) grande perseguição? Daniel vai dizer na passagem de seu livro 9,27: "...no meio da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; sobre a asa das abominações virá o devastador, até que a ruína decretada caia sobre o devastado". Não me aprofundei ainda sobre os detalhes de como foi a destruição imposta pelos romanos em Jerusalém no ano 70 d.C. pra poder explicar nesse acontecimento o que fez "cessar o sacrifício e a oblação", mas o que seria para o final dos tempos "cessar o sacrifício", uma vez que o sacrifício de Cristo substituiu para nós todos os sacrifícios e oblações do Antigo Testamento? Quando Jesus profetizou ainda haveria sentido, pois ainda não tinha instituído o sacrifício da Nova Aliança e, portanto, não seria compreendido, mas para o final dos tempos já não há como associar sacrifícios ultrapassados como os do AT.
          O professor Leandro Quadros ainda tenta explicar racionalmente e eu respeito. Mas o que dizer de outros, que chegam a viajar tanto na maionese que acreditam que a "Abominação" será o Papa Francisco sentar num trono em Jerusalém e que (são) João Paulo II vai ressuscitar para governar ao seu lado? Aí diz que um é a Besta e o outro o Falso profeta. Haja imaginação e delírio! Coloquei o link aí (nem sei se deveria) não pra divulgar o site mas pra vergonha deles mesmo.
          Voltando ao lado católico, que crê no livro dos Macabeus como inspirado por Deus e parte da Bíblia, vi uma notícia estarrecedora no site da Associação Cultural Montfort, que são tradicionalistas que reconhecem a legitimidade dos Papas pós-Concílio Vaticano II, mas rejeitam o Concílio e a Reforma Litúrgica do Papa (são) Paulo VI. A notícia diz que o santuário de Fátima em Portugal será transformado para ser um "centro onde todas as religiões do mundo se reuniriam para prestar homenagens a seus vários deuses". O título do artigo traz justamente a "abominação no lugar santo: o santuário de Fátima se tornará um santuário pagão". Vergonhoso, sem dúvida, mas não é será a primeira vez que acontecerá algo assim. Sobre o "Encontro de Assis" em 1986, porém, só vou relatar em outro texto, não agora.
          No site Permanência, outro tradicionalista que reconhece os Papas mas não o Concílio Vaticano II e a Missa nova, vão dizer que o "sacrifício perpétuo" que cessará é a Santa Missa, que por ocasião da Reforma litúrgica de 1969, foi transformada. A Missa "antiga", a Tridentina, ficou apenas com grupos tradicionalistas e sedevacantistas, e todo o mundo católico adotou a Missa "nova", reformada, do Papa Paulo VI. Sobre essa Reforma desastrosa eu também só me aprofundarei em outro texto. A conclusão do site Permanência nesse artigo é temerária. Ele diz que as Missas atuais são "provavelmente inválidas por falta de intenção do sacerdote de fazer o que a santa Igreja sempre fez". Começar a julgar intenções é delirar. O rito novo é fraco, ambíguo, muitas vezes os padres abusam liturgicamente dele até as raias do escândalo, chegando a ser muitas vezes blasfemo...mas é válido! Como julgar intenções? Esse é justamente o tipo de julgamento que Nosso Senhor nos adverte nos Evangelhos quando diz: "Não julgueis...".
          Para concluir esse texto, essa reflexão, tenho que dizer que só faz sentido a interpretação dessa "Abominação" quando lemos o livro dos Macabeus e quando cremos que o sacrifício da Nova Aliança é a Santa Missa, que renova o sacrifício da Cruz do Calvário pelos séculos. Nas próximas reflexões, terei que citar o Papa (são) João Paulo II e o terrível encontro ecumênico de Assis, em 1986, onde aconteceram coisas que, se não são, se aproximam muito dessa profanação descrita no AT e projetada aos nossos tempos.

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