terça-feira, 4 de dezembro de 2018

A SANTA MISSA NO CONCÍLIO DE TRENTO

          No último post trouxe o que (são) João Paulo II ensinou-nos em sua encíclica ECCLESIA DE EUCHARISTIA sobre a Santa Missa e de como nos orientou (a todo povo católico) a buscar a referência dogmática sobre esta no Concílio de Trento.

       
          É somente quando se estuda os textos do Concílio de Trento que se percebe o quanto a Santa Missa mudou depois do Concílio Vaticano II e, principalmente, da Reforma Litúrgica do Papa (são) Paulo VI, realizada em 1969.

          O cânon 1 da Santa Missa já é demolidor: "Se alguém disser que na Missa não se oferece a Deus verdadeiro e próprio sacrifício ou que oferecer-se Cristo não é mais que dar-se-nos em alimento - seja excomungado". A Santa Missa é verdadeiro sacrifício e NÃO É apenas para que recebamos Jesus como alimento. Mas que "sacrifício" é esse?

          O cânon 3 da Santa Missa vem assim: "Se alguém disser que o sacrifício da Missa é somente de louvor e ação de graças, ou mera comemoração do sacrifício consumado na cruz, mas que não é propiciatório, ou que só aproveita ao que comunga, e que não se deve oferecer pelos vivos e defuntos, pelos pecados, penas, satisfações e outras necessidades - seja excomungado". NÃO É comemoração nem somente louvor e agradecimento, mas VERDADEIRO SACRIFÍCIO, e não qualquer sacrifício, mas o SACRIFÍCIO CONSUMADO NA CRUZ. E ainda não somente isso, mas PROPICIATÓRIO, ou seja, recebemos as graças desse sacrifício (o da cruz do Calvário) quando dela (da Santa Missa) participamos. Não uma graça do momento em que estamos hoje, mas uma graça que nos vêm direto do Calvário.

          O Concílio de Trento é dogmático, ou seja, aquilo que ele ensinou vale para sempre como fé católica e, inclusive no seu cânon, vai dizer, no número 6: "Se alguém disser que o Cânon da Missa contém erros e por isso se deve ab-rogar - seja excomungado". Talvez seja estranha à essa geração de hoje uma linguagem assim tão firme, porém, assim dessa forma, dificilmente se pode interpretar de maneira diferente o que se está ensinando. E assim deve ser a doutrina: CLARA.

          Os textos do Concílio de Trento (em especial aqui os relativos à Santa Missa) deveriam ser de conhecimento de todos os católicos, mas, inegavelmente, após o Concílio Vaticano II e a Reforma Litúrgica de Paulo VI, muitos interpretaram que se deveria esquecer o que foi definido por Trento, como se o Vaticano II substituísse Trento, superando-o (curiosamente os Papas João XXIII e Paulo VI, os dois que presidiram o Vaticano II, não o declararam dogmático mas apenas "pastoral").

          Nem vou entrar na polêmica da linguagem em que deve ser celebrada a Santa Missa (definida por Trento), pois não está no assunto desse estudo. Na verdade, mesmo falando sobre a encíclica do Papa João Paulo II e o Concílio de Trento, o assunto que quero tratar é ainda a ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO. Onde pretendo chegar? Em Macabeus diz que "edificaram a abominação da desolação por sobre o altar e construíram altares em todas as cidades circunvizinhas de Judá" (1Mac 1,54) e que fossem suspensos "os holocaustos, os sacrifícios e as libações no templo" (1Mac 1,45). Sobre o altar do sacrifício foi construído novo altar, mas abominável. Isso foi previsto pelo profeta Daniel e aconteceu na época dos Macabeus. Jesus cita novamente nos evangelhos referente à destruição de Jerusalém (historicamente no ano 70 d.C.) mas, em relação ao final dos tempos (que é o que nos interessa mais nesse momento), esse sacrifício é A SANTA MISSA. De que maneira, porém, o altar da Santa Missa será suspenso e substituído por outro, um falso altar? Pode o sacrifício da Missa ter sido suspenso? Não creio...mas um outro (falso) "sacrifício" para confundir o verdadeiro seria possível.

          Trago ainda a mensagem que o padre Gobbi (fundador do Movimento Sacerdotal Mariano) recebeu em 31/12/1992, falando sobre o fim dos tempos. Nessa mensagem, Nossa Senhora fala sobre a Abominação da desolação. Sei que nem todos crêem que Nossa Senhora é a autora dessas mensagens, mas para esse estudo isso não importa. Quem não crê que Nossa Senhora falava ao padre Gobbi tem, ao menos, uma interpretação para o que é essa Abominação. E Nossa Senhora diz: "O sacrifício da Missa renova o sacrifício consumado por Jesus sobre o Calvário. Acolhendo a doutrina protestante se dirá que a Missa não é um sacrifício, mas somente a santa ceia, ou seja, a recordação do que Jesus fez na sua última ceia. E assim será suprimida a celebração da santa Missa. Nessa abolição do sacrifício cotidiano consiste o horrível sacrilégio cometido pelo anticristo". 

          Muitos padres e bispos (e leigos, teólogos, diáconos, etc) ensinaram que a santa Missa não é um sacrifício. A Missa celebrada por estes seria válida? Só pra dar um exemplo: em 2006, um dominicano (Jean Cardonnel) chegou a escrever com todas as letras que a Missa não era um sacrifício, que o altar é apenas uma mesa e renegou tudo que Trento ensinou (o site tradicionalista católico MONTFORT fez uma crítica feroz aos desvarios desse frei). Na época, o ódio desse dominicano veio em resposta à liberação da Missa tridentina pelo Papa Bento XVI. Ele é apenas um de inumeráveis exemplos de como a fé sobre a Missa passou por tentativas de mudança. E vindas de cima! Continuarei no tema no próximo texto.


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